GREVE DE PROFESSORES E MORTE EM MINAS GERAIS

As greves e manifestações populares são crescentes em Minas Gerais.


Nesta semana um motorista de ônibus foi assassinado no terminal de Venda Nova em Belo Horizonte.
O motorista, profissional ético e competente, pai de família, ao reagir ao assalto foi alvejado fatalmente.
Em decorrência dessa tragédia os demais motoristas fizeram uma paralisação em protesto, impedindo que os ônibus circulassem, lógico que isso gerou um tumulto.
Em contra partida, os reclames da população foram inúmeros. Passageiros indignados porque chegariam atrasados ao trabalho, outros, inconformados porque tiveram que andar uma distância longa até a estação do metrô.
Essa é a pura imagem da indiferença, da insensibilidade.
A população insipiente porta-se como se não fosse vítima juntamente com o motorista trabalhador assassinado. Posto que, o mesmo projétil (bala) que alvejou e perfurou o tórax do motorista trabalhador poderia em nome de "bala perdida" ter atingido algum passageiro, como ocorrido no dia 15/06, também, num ônibus coletivo da linha 607 (Esplendor/Jaqueline), onde três pessoas foram atingidas.
A paralisação dos motoristas de ônibus era solidária à dor da família, era a simpatia que eles nutriam por aquele companheiro agora falecido em pleno serviço, trabalho. Também, para reivindicar mais segurança, pois o crime aconteceu dentro do terminal da Vilarinho em Venda Nova - BH/MG.
Concomitante, os professores públicos de Minas Gerais intentam mais uma greve posto a insatisfação decorrente do acordo firmado na greve passada não contemplar as expectativas mínimas, reivindicadas na ocasião.
E mais uma vez, os pais dos alunos comparecem à mídia para reclamar que seus filhos ficarão prejudicados com a greve dos professores.
Alunos prejudicados?
Hoje a escola virou creche de crianças e adolescentes aonde os pais os deixam até como meio de se livrarem um pouco dos filhos, que no dizer destes pais, eles não dão conta de educá-los.
E, o professor além de educador, facilitador do ensino, supostamente nas entrelinhas tem que ser babá, baby-sitter.
Honestamente, será mesmo que alguns pais estão preocupados com a educação de seus filhos em face duma greve? Ou, estão preocupados aonde vai deixá-los? Quem vai tomar conta de seus filhos, uma vez que, a escola estará fechada, o professor babá não estará lá para cuidar do seu filho?
Este é o "drama" que se vê nas férias de julho, dezembro e janeiro -, pais que não sabem o que fazer com seus filhos dentro de casa e, reclamam das férias porque atrapalha a novela, o descanso, o passeio que fazem enquanto os filhos estão na escola creche, sob os cuidados do professor babá.
E o prejuízo do professor? Todos desconhecem!
Prejudicado encontra-se o professor com a baixa remuneração, ainda numa escola arcaica que usa o giz, causa de tantos males respiratório e vocal, numa escola precária. Prejudicada está a educação.
Diante desses dois fatos: a morte de um trabalhador e a greve dos professores e, insipiência da população contrária a tudo isso, penso nalgumas palavras necessárias à reflexão, por exemplo:
Apatia da sociedade que ignora a dor alheia, a necessidade do outro, é uma indiferença que reduz o ser humano, pois, o torna insensível. Pode-se resumir com a palavra desprezo, a população agiu com desprezo para com o motorista morto e sua família enlutada. Com desprezo agem alguns pais de alunos que não acolhe a greve dos professores e, com pior e maior desprezo, desinteresse, insensibilidade moral, repugnância agem os políticos para com o pai e mãe de todas as profissões: o PROFESSOR.
Vejo a manifestação dos motoristas e a greve dos professores como SIMPATIAsentimento pelo outro, solidariedade, filantropia, caridade, humanidade, cidadania, ser cristão, fraternidade, é sentir o outro.
O individualismo residente na sociedade tem sido a causa da solidão crescente e sufocante nas pessoas, é quando deixa a cidadania de lado para viver isoladamente, logo, antipatia, avesso à necessidade do outro.
Mas, a solidariedade evoca o olhar para o outro e senti-lo, solidariedade vem de solidez, daquilo que consolida e dá firmeza à vida coletiva.
A isto, chamamos de COMPANHEIRO!
Latim, cum, pan, ia, que significa "vão com o mesmo pão". Companhia, originou companheiro - aquele que reparte o pão.
Os motoristas de ônibus naquela paralisação de protesto pela morte do colega e por segurança tão somente  estavam partilhando o pão da solidariedade, o pão da segurança pública.
E, quando os professores clamam por greve porque desejam repartir o pão nutritivo da educação.


"A vida é muito curta para ser pequena", (Benjamin Disraeli).


Solidariedade, simpatia, companheirismo é o princípio para não apequenar a vida, que já é curta.





Rev. Antônio Carlos Gomes.